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Leonardo  Razuk
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Leonardo Razuk é jornalista / atendimento@aredacao.com.br

Aumento o som

O campo sufocante e nada verde do Squid

| 08.07.21 - 14:25 O campo sufocante e nada verde do Squid (Foto: divulgação)
A imagem de um campo verde ensolarado normalmente nos traz bons sentimentos. Tranquilidade, esperança, nostalgia, alegria...  Mas com os ingleses do Squid não é bem assim. A grama deles não é tão verde e muito menos iluminada. As paisagens construídas pela banda em seu disco de estreia são caóticas, claustrofóbicas, angustiantes e áridas. E essa é a beleza de Bright Green Field.

O Squid é mais um grande destaque da nova geração do rock britânico. Um quinteto musicalmente transgressor e formado em Brighton, mas atualmente com base em Londres. Eles se juntam a outros nomes como Black Midi, Chubby and the Gang (já falamos deles aqui, lembra?), Shame e Black Country, New Road que estão dando novo fôlego e vida ao rock produzido nas terras da rainha Elizabeth.

O grupo é liderado pelo baterista e vocalista Ollie Judge e faz um rock esquisito e apaixonante que pode ser rotulado de algo como um pós-pós-punk porque o som deles vai bem além do estilo que se consolidou nos anos 70/80. Bright Green Field mostra bem isso. Há o lado poético, melancólico e introspectivo do pós-punk, mas há também elementos do krautrock, do noise rock, avant-garde jazz, do indie e da new wave. Uma deliciosa mistura de referências como Talking Heads (do começo da carreira), Gang of Four, Public Image Ltd., Joy Division, B52’s, Tangerine Dream, Sonic Youth e afins.

Bright Green Field foi recebido com festa pela imprensa inglesa e conquistou nota máxima da New Musical Express, conhecida pela sua sigla NME (enemy, em inglês) e pelas críticas sempre muito duras.

Narrator foi um dos primeiros singles do disco. Uma música inspirada no filme A Long Day's Journey Into Night, de 2019, e que fala de um homem que começa a perder a noção do que é sonho, memória e realidade e de como ele vai se beneficiando disso para satisfazer seu próprio ego. Conta com a participação da aclamada cantora de indie-folk Martha Skye Murphy e com um final agoniante e desesperador.

Esse “narrador” é um dos personagens de um mundo distópico criado pelo Squid e retratado em suas músicas. Faixas que falam de pessoas perturbadas e “paisagens urbanas imaginárias”, como definiu Ollie Judge, que ilustram "os lugares, eventos e arquitetura” que existem dentro desse universo apocalíptico.

A imagem deste campo do Squid não é mesmo uma paisagem bucólica. Não traz paz e sossego. Provoca taquicardias. É sufocante. Um lugar de pesadelos. Uma trilha sonora perfeita para o seriado de ficção Black Mirror, com seus episódios desconcertantes, provocadores e angustiantes. O retrato de um mundo tecnológico, consumista, cada vez mais doente e que mostra nossa forte capacidade de sermos ainda piores.


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