São Paulo - De propósito ou sem consentimento, a privacidade das pessoas (agora também em relação a sexo) está cada vez mais exposta - não apenas nas redes sociais, mas também nos aplicativos de mensagens instantâneas. Com dois cliques, imagens de conversas, fotos e vídeos viajam o País e até mesmo o mundo e são compartilhadas por milhares de pessoas.
Recentemente, uma nova febre invadiu as redes sociais: o autorretrato de casais depois de terem relações sexuais. Identificados na legenda como #aftersexselfie ou simplesmente #aftersex, os mais de 9,3 mil retratos publicados no Instagram têm dividido opiniões. Muitos usuários das redes sociais condenam a prática alegando que o limite da exposição de algo que deveria permanecer entre quatro paredes foi ultrapassado.
(Foto: reprodução/Intagram)
Entretanto, uma página internacional criada no Facebook há 12 dias intitulada "After Sex Selfies" tem mais de 535 mil curtidas de pessoas de todo o mundo. Em geral, os retratos não têm nudez e mostram o rosto do casal. A secretária Tamires de Oliveira, de 26 anos, e o estudante de Engenharia Roberto Junior, de 24, são noivos e publicaram na semana passada uma foto na rede social com a legenda #aftersex.
O retrato mostra parte do rosto dos dois deitados olhando para a câmera. "Eu já tinha essa foto, mas por curiosidade publiquei com a hashtag quando vi que ela estava sendo utilizada", disse Tamires. Para Junior, é a identificação na legenda que "entrega o momento". "Acho que, se não fosse a hashtag, ninguém ia reparar em que momento ela foi tirada", disse. Para a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, a exposição em si tem um caráter diferente nos dias de hoje.
"Podemos dizer que (o aftersex) é uma autoexposição, mas esse conceito tem mudado muito. Essa geração é nascida e criada com a questão da internet e do compartilhamento. Eles entendem o mundo privado de uma forma diferente do que a maioria das pessoas que não foi criada com essa tecnologia entenderia. É uma questão de geração", disse Luciana. (Agência Estado)