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Ketllyn Fernandes

O corpo que cria arte: maternidade, manualidades e reconexão

| 21.10.25 - 15:13 O corpo que cria arte: maternidade, manualidades e reconexão (Foto: Ketllyn Fernandes)
 
Em tempos de hipervisibilidade digital, onde os algoritmos ditam relevância, o corpo feminino que cria arte resiste. Quando esse corpo é também materno, sua presença na arte se torna ainda mais política. Essa mulher não apenas produz imaginários artísticos em brechas de tempo, como carrega, transforma e sustenta uma rotina em detrimento de si mesma.
 
A artista-mãe enfrenta obstáculos profundos para criar e ter sua arte como carreira em equidade com o sexo masculino. A urgência de cuidar de uma criança redefine prioridades, limita o tempo e impõe uma nova relação com o próprio corpo. Muitas vezes, esse corpo não pode ser fortalecido com exercícios físicos ou rituais de autocuidado mínimos. Ainda assim, ele cria. E ao criar, fala sobre (re)descoberta, desbravamento.
 
A experiência da maternidade revelou o corpo como território do outro, e com isso, o compartilhamento também do tempo individual. Nesse contexto cotidiano, dividir momentos de cuidado, alimentação e saúde num espaço virtual em que também ocorre a divulgação de produção artística, é como dizer: este corpo é o instrumento artístico mais potente.  É aí que arte e rotina artística se unem e reverberam para que mais mulheres se cuidem.
 
Assim, a manualidade emerge como reconexão consigo e com o público, majoritariamente feminino. Trabalhar com as mãos, seja com pincel, barro, tecido ou ferramentas digitais, é uma forma de voltar ao corpo, de sentir sua presença e potência geradora. Agora, atuando também com artes em parede, a maioria grandes formatos, o corpo-instrumento tem exigido força e elasticidade, e tentado disciplina para dar conta de encaixar saúde no dia-a-dia.
 
Trago esse tema justamente em outubro, por ser um momento que reforçamos a importância do cuidado preventivo com o corpo feminino.  Quero que minha arte se torne também um lembrete, de que cuidar de si é um gesto criativo, político e vital para nós. A manualidade e o toque gentil em si não é apenas técnica de pintura.
 
 
 
Ketllyn Fernandes – artista plástica, jornalista, social media, pós-graduada em jornalismo digital

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