Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
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Carolina Pessoni
Goiânia - Na esquina da Rua 3 com a Rua do Lazer, no Centro da Capital, ergue-se silencioso, porém imponente, o Goiânia Palace Hotel. Com seus traços art déco bem preservados, paredes largas e pé-direito generoso, o prédio é um testemunho vivo da história e do espírito da capital goiana.
Inaugurado em 1953, o edifício do hotel pertencia, desde sua construção, à mesma família: os Calil Neme. No entanto, em 1996, já bastante deteriorado, foi adquirido por Jean-Luc Riedberger e seu sogro, que assumiram a missão de restaurar não apenas a estrutura física, mas também o charme e a dignidade do espaço.
“Quando compramos, o hotel estava em péssimo estado. Foram anos de reforma, trocando praticamente tudo. Ele chegou a funcionar parcialmente, mas só conseguimos mesmo colocá-lo de pé e acolher os hóspedes com conforto a partir de 2000”, relembra Jean-Luc, francês de nascimento, brasileiro por afinidade e espírito.
Hotel conserva características originais ainda hoje (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Ele e a esposa, brasileira, decidiram deixar para trás uma trajetória no setor alimentício internacional (com passagens pela França, Suíça, Estados Unidos e África) para investir no sonho de revitalizar um pedaço importante da história de Goiânia.
Preservação da identidade
Com uma estrutura sólida e pensada para resistir ao tempo — paredes com 50 centímetros de espessura e pé-direito de 3,5 metros que refresca naturalmente os ambientes — o Goiânia Palace manteve intactas suas características originais.
São 48 quartos no total, mas com a modernização (que ainda não foi concluída), serão 38 acomodações. Muitas delas ainda guardam móveis antigos dos anos 1950, como camas, guarda-roupas e penteadeiras, além de peças icônicas como a Poltrona Mole, de Sérgio Rodrigues. “Guardamos esses tesouros para, quem sabe, reinstalá-los no futuro”, conta Jean-Luc com carinho.
Na recepção e na sala de café da manhã, detalhes de Goiás se misturam a pôsteres históricos da Air France, compondo uma atmosfera que une o regional e o cosmopolita. “Minha mãe decorou o espaço com imagens de paisagens goianas. Queríamos trazer essa identidade, esse calor local. Já os pôsteres da Air France remetem à viagem, à conexão com o mundo”, explica Anna Clara, filha de Jean-Luc, que assumiu a administração do hotel entre 2018 e 2020.
Sala de Café da Manhã é decorada com elementos goianos (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Para Jean-Luc, a alma de um hotel é tão importante quanto sua estrutura. “Não entendo as pessoas que se hospedam em hotéis que não têm alma, que são todos iguais. O Goiânia Palace tem charme, tem história, tem identidade”, afirma com entusiasmo.
O prédio foi construído para ser hotel, e ao longo das décadas hospedou nomes ilustres, como o presidente Juscelino Kubitschek. Em seu piso térreo, já abrigou um restaurante muito famoso, com entrada pela Rua do Lazer, que por anos foi ponto de encontro na cidade. No último andar, um espaço de aproximadamente 200 m², com uma sacada que oferece quase 300 graus de vista para a cidade, está reservado para um futuro rooftop, que poderá receber eventos e encontros culturais.
Entre o passado e o futuro
Em 2020, por conta da pandemia da covid-19, o Goiânia Palace fechou temporariamente as portas, e desde 2023 está alugado para um locatário que, segundo Jean-Luc, cuida do hotel com zelo e respeito à sua história. “Não queríamos alguém que descaracterizasse o prédio. Investimos muito nesses últimos 20 anos e queremos que essa preservação continue”, destaca.
Pôsteres antigos da Air France decoram a recepção do hotel, trazendo a temática de viagem para o local (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Ele conta que turistas estrangeiros, como um grupo de australianas, hospedaram-se no Goiânia Palace com um único objetivo: conhecer o patrimônio art déco de Goiânia, que ainda resiste, apesar da poluição visual que muitas vezes esconde as fachadas originais.
A preocupação com a memória arquitetônica e cultural do Centro de Goiânia é um tema que emociona Jean-Luc. “Como francês, sei da importância de preservar patrimônios. Me entristece ver prédios derrubados ou descaracterizados. O Centro está abandonado, com muitas lojas fechadas, e cada gestão promete uma revitalização que nunca vem. É uma pena, porque aqui está a verdadeira história da cidade.”
Jean-Luc e Anna Clara acreditam que a retomada do Centro passa pelo estímulo à ocupação criativa. “Tem muitos imóveis, salas, apartamentos vazios, mas são baratos, e esse baixo custo pode atrair estudantes, artistas, ateliês. Isso traria vida de volta ao bairro”, aposta Jean-Luc.
Terraço do hotel será transformado em um rooftop para receber eventos (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
A esperança se mantém, mesmo diante das promessas frustradas de revitalização. “Uma reforma de todos os prédios art déco do Centro seria uma bela realização. É a cultura, a história, a identidade de Goiânia que está em jogo”, diz com a convicção de quem escolheu investir sua vida nessa causa.
E Jean-Luc completa: “Mais do que um edifício, o Goiânia Palace Hotel é um símbolo.” É também um convite silencioso para que Goiânia olhe para seu passado e, com ele, construa um futuro em que história e modernidade caminhem lado a lado.